Semana passada falamos sobre sua conta telefônica ser transformada em conta-corrente, hoje a notícia é melhor ainda: sua conta de energia elétrica poderá ser onde você pagará os empréstimos que tomar.
Há diversas Fintechs, empresas financeiras com serviços bancários que estão firmando parcerias com concessionárias de energia elétrica, para cobrar os empréstimos que concedem através da conta mensal de energia.
Isso é e será uma verdadeira democratização do crédito, devendo alcançar até mesmo aquela população dita “desbancarizada”, que não tem conta em banco. Isso é uma forma eficaz de alimentar o microcrédito e levar oportunidades de empreendedorismo a todo país, a um enorme contingente de pessoas.
Vejam a facilidade: Paulo, desempregado e sem qualificação técnica, vê a reportagem de uma escola de martelinho, com curso completo em apenas 15 dias. O curso e as ferramentas custam por volta de R$ 4 mil, sendo que uma chuva de granizo em um único veículo pode gerar mais de 100 defeitos que, individualmente podem render R$ 20 cada um. Em dois veículos Paulo recupera o investimento.
Mas de onde vem o dinheiro para o curso e o ferramental?
Paulo procura uma fintech que não pede conta em banco e se Paulo estiver nos cadastros de negativação, pode procurar um vizinho para ser seu garantidor (seu avalista), pois o microcrédito tem por base exatamente este entrosamento entre afins, entre vizinhos, já que sabem as fintechs que o melhor “cobrador” é um vizinho arrependido do aval.
Obtido o crédito, feito o curso, é sair para o trabalho e esperar a conta de luz. No exemplo em questão, o tomador do crédito, Paulo, fez o curso em 15 dias e tem mais 15 para pagar a primeira prestação, que virá na sua conta de luz.
Os números dizem que 97,8% dos domicílios brasileiros são atendidos por energia elétrica, ao contrário, o número de pessoas sem conta bancária no Brasil é de 48,4 milhões. Nestes números fica claro, claríssimo alías, que a concessão do crédito por fintechs e a parceria com concessionárias de energia elétrica vai alcançar e beneficiar uma população que os bancos não alcançam e não querem alcançar.
Com as empresas de telefonia, as de energia elétrica e as fintechs formando parcerias os bancos vão ter de se mexer para não serem apenas uma lembrança no mercado de crédito.
Artigo publicado no Blog João Antônio Motta – UOL Economia – 08/04/2018