No mercado financeiro não há mágicas. Se os juros são baixos é porque sua capacidade de pagamento é alta e, ainda, o empréstimo conta com uma garantia muito boa, com excelente liquidez. É isso que se pode ver na página do Banco Central na internet, no período de 22 a 28 de fevereiro de 2018: aquisição de veículos 2,28% ao mês; crédito consignado 3,30% ao mês; e, crédito imobiliário 1,28% ao mês.
Como você pode ver, as taxas são baixas para: aquisição de veículos, porque o carro fica em garantia; crédito consignado, porque é descontado do seu próprio pagamento, vindo seu empregador reter em benefício do banco a prestação contratada; crédito imobiliário, porque o imóvel fica em garantia.
Em todos estes empréstimos o bem a ser entregue em garantia é avaliado para “execução forçada”, o que quer dizer para venda rápida e, ainda assim, o montante a ser entregue ao cliente geralmente não ultrapassa 80% desta avaliação magrinha. Por isso os juros são baixos, porque você deve necessariamente ter um perfil de bom pagador e, ainda assim, o bem superará em muito o valor do empréstimo, conferindo considerada segurança ao banco se tiver de adotar medidas tendentes à recuperação do crédito.
Mas há uma operação com juros mais baixos ainda e que pode ser feita até mesmo por aqueles negativados nos órgãos de proteção ao crédito. Trata-se do penhor de jóias, que recebe, como o nome diz jóias, ouro, prata e demais metais preciosos e tem as melhores taxas do mercado, sem exigir confecção de cadastro.
É a base do velho jargão de “colocar a jóia no prego”. Eram as operações mais comuns no início do sistema financeiro, o “papagaio”, consistente em um desconto de nota promissória, usualmente por trinta dias; e, “colocar no prego”, onde se levavam ao banco as jóias da família, pratarias, relógios e até mesmo canetas de elevado valor, saindo com o dinheiro no bolso.
Este sistema de obter dinheiro é simples e prático, se resolvendo pelo pagamento do empréstimo e o retorno da jóia, a prorrogação do empréstimo com novos juros calculados para o período seguinte ou o leilão da jóia com o pagamento da operação. Vejam que a perda da jóia só se dará se não for renovada a operação e não paga a mesma, quando o cliente, assim deixando, será notificado quanto ao leilão da jóia.
Há também uma operação que, bem estruturada, tem uma das melhores taxas: o consórcio. Esta operação é uma compra coletiva onde, usualmente, o cliente paga, mensalmente, um percentual ao fundo comum para a aquisição do bem, um percentual de taxa de administração, que é onde a empresa de consórcio ou a carteira do banco retira sua margem de rentabilidade e um percentual do fundo de reserva. Ainda é usual ser contratado um seguro em benefício do grupo.
No consórcio, que serve para aquisição de bens, podem ser retirados mês a mês os bens por sorteio ou lance e, se você não tem muita pressa, ou pode apresentar um lance expressivo, é uma boa maneira de aquisição de bens, onde não é raro encontrar taxas até mesmo menores que 1% ao mês.
Mas há ainda novas modalidades no mercado que podem, ou não, apresentar bons juros. São as plataformas peer-to-peer (P2P) ou, em uma tradução livre, de pessoa a pessoa. Nesta modalidade de empréstimo, você procura a plataforma online na internet, realiza seu cadastro e informa para que precisa do dinheiro e aguarda os investidores interessados em lhe emprestar.
Nestas plataformas, a empresa fica com uma parte dos juros que lhe serão cobrados e os investidores com outra, sendo o risco integralmente do investidor. Portanto, não se anime muito porque os juros podem ser muito altos. O que pode acontecer é você ter um projeto muito bom, que anime algum investidor, quando, daí, os juros podem se transformar até mesmo em investimento de risco.
Em síntese e em conclusão, para obter juros baixos só mesmo com as jóias da família e, ainda assim, a avaliação não será das mais animadoras.
Artigo publicado no Blog João Antônio Motta – UOL Economia – 19/03/2018